A menstruação continua a ser um enorme estigma em muitas comunidades ao redor do mundo. O Norte de Uganda não está imune a estas atitudes. Está bem documentado que raparigas e mulheres na África Oriental enfrentam problemas com saneamento precário, falta de recursos e educação sobre menstruação e produtos sanitários. A frequência escolar tem-se mostrado notavelmente reduzida quando uma rapariga atinge a idade menstrual.
Como introduzimos os copos menstruais Mooncup em Uganda
A ambição do nosso projeto, chamado 'Mobilise a Midwife', era mudar a vida das mulheres numa área rural de Uganda, introduzindo os copos menstruais Mooncup.
Sendo a menstruação um fardo para tantas mulheres, surgiu a oportunidade de mudar esta realidade para as mulheres em Atiak, uma área rural do Norte de Uganda.
Nesta área rural do Norte de Uganda, os produtos menstruais muitas vezes não chegam a quem deles precisa. Raparigas e mulheres costumam usar pedaços rasgados de tecido para absorver o fluxo menstrual. Como a menstruação é um tema culturalmente tabu na África Oriental, pode haver uma sensação de hesitação em iniciar discussões sobre os produtos sanitários que as mulheres costumavam usar.
Aqui, na vila de Atiak, Mother Health International fundou a 'Ot Nywal Me Kec Birth House' (A Casa do Nascimento e da Paz). Esta Casa de Nascimento serve como um centro comunitário, apoiando parteiras tradicionais na prestação de cuidados gratuitos de maternidade e infantis para a comunidade local. Tornou-se uma forma ideal de apresentar o copo menstrual Mooncup às pessoas…
A minha experiência em Atiak, Uganda
Quando cheguei como parteira voluntária em Uganda, percebi rapidamente que não havia necessidade de me preocupar em iniciar a conversa. Quando as mulheres que trabalham na Casa de Parto souberam que as Mooncups estavam na minha mochila, as pessoas começaram a bater à porta da minha cabana – a existência dos copos menstruais já era conhecida por algumas na Casa de Parto, e muitas estavam curiosas. Parecia que um grande passo tinha sido dado para lançar este projeto graças às parteiras voluntárias anteriores que discutiam abertamente o uso do copo menstrual.
As mulheres sábias da comunidade
As parteiras tradicionais são frequentemente as mulheres sábias da comunidade. Elas e as mulheres que trabalham na casa de parto, incluindo tradutoras e cozinheiras, pareciam as mulheres ideais para serem as primeiras a receber os copos menstruais. Ao começar a nossa introdução da Mooncup com estes pilares da comunidade, significava que, à medida que o projeto avançava, elas podiam educar outras. Estas mulheres, que tinham algum conhecimento da anatomia feminina, também puderam aceder a apoio dos voluntários disponíveis na Casa de Parto.
Na Casa de Parto, a educação ocorre principalmente através de histórias, por isso aquelas que já usavam os copos puderam ensinar outras sobre a importância de limpar o recipiente, bem como técnicas de inserção e tenho a certeza de muita outra informação que não foi traduzida, pois há frequentemente muitas risadas durante estes círculos de ensino!
Os resultados
As mudanças que este único recipiente traz a uma mulher significam que ela pode sair de casa para buscar água, vender produtos no mercado, ir à escola ou apoiar outra mulher durante o parto, tudo durante a sua própria menstruação. Anteriormente, mulheres e raparigas ficavam em casa nos primeiros dias do seu fluxo mensal por medo de fugas visíveis, estigma e a vergonha de se sentirem impuras.
Estes dias mudaram para as mulheres que receberam uma Mooncup. Elas dizem que se sentem livres e conseguem continuar o seu trabalho, que é principalmente agricultura de subsistência. Nos próximos meses, as mulheres que acedem à casa de parto poderão receber uma Mooncup. Estas mulheres podem estar a frequentar a casa de parto para cuidados pós-natais ou serviços de saúde sexual ou simplesmente porque ouviram que as Mooncups chegaram. É uma nova era.
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